por Denis Jorge Hirano
Janelas trancadas
Para esses dias curtos e intensos
O dobro do meu peso em panos
Sobre um frágil corpo nu
Trêmulo
Lá fora tudo parece em câmera lenta
Todo o cuidado para não chamar a atenção do ar externo:
Ágil, doentio e traiçoeiro…
Gorros, máscaras e cachecóis!
Meias-Duplas, luvas e uma lã
Que adormeceu essa noite comigo…
Embriaguez.
O assobio branco interrompe qualquer entusiasmo…
E os ponteiros ainda trabalham
E apontam para o meu dever…
Não fui cigarra no verão
Mas trabalho como formiga nesse inverno…
Porém,
Aqueles olhos
Desfazem do gelo
– o meu sorriso –
Aquecendo todo o corpo
E acolhendo um coração
Considerado antes o único culpado por todo esse frio:
O vasto e o vazio,
O tédio e a mesmice
Toda a culpa diluída n´um instante…
Evaporada !
E das rasas temperaturas
Revejo as minhas próprias pegadas
Que por muito tempo
Rabiscavam a neve em círculos
E agora ensaiam
(Na audácia em criar um novo caminho)
Os primeiros passos,
Ainda considerados tímidos,
Mas de uma linha reta
Em direção àqueles olhos,
Que também me veem,
E se aproximam.
Joinville, 20 de Junho de 2024.
Solstício de Inverno
Esse escrito faz parte do livro
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