Sob o Céu do Rio Grande do Sul

por Denis Jorge Hirano

 

No corte seco das sombras
Na busca cega de metais
Os ventos mudaram as suas rotas
E um atrito entre as nuvens se inicia…

 

Qual delas irá reinar?
Invadindo todo o céu antes azul
É preciso despejar todas essas águas!
E o acaso as levou ao Rio Grande do Sul…

 

O Porto, antes tão Alegre,
Agora transborda de tristeza…

 

Quanto dessas águas deve escoar
Toda a desesperança, o medo e as incertezas?

 

O Rio, sempre tão Grande,
Agora apertado de angústia…

 

Quanto dessas nuvens deve passar
Para restaurarmos as nossas casas? As nossas vidas?

 

Meus pais continuam de mãos dadas…
É agora que devemos sair?
E o que devemos levar?

 

Algum bote está por vir?

 

Muito cuidado onde pisa…
Essa chuva que não para de cair!
O que poderia nos salvar?

 

Para onde iremos fugir?

 

O meu cavalo lá encima
Do telhado que lhe resta
O meu gato me procura
O meu cachorro me espera

 

Eu vim com a minha prima
Ouço uma criança chorar…
Há sede diante de tanta chuva!
No que mais posso ajudar?

 

Que todas as nossas preces
Furem as carregadas nuvens
Devolvendo de vez
O alívio que os gaúchos merecem

 

E a Alegria de seu Porto
E de todas as cidades !
E a Grandeza desse Rio,
Antes de qualquer saudade…

 

De qualquer saudade.

Joinville, 25 de maio de 2024.

-Sobre as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul-

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