por Denis Jorge Hirano
Eu quero que a minha poesia deslize sobre as curvas das montanhas
E que semeie instintivamente uma nova rima, até a base, desde o topo…
Eu quero que a minha poesia experimente a textura das nuvens
E que cada gota de chuva esteja inserida em cada letra desses versos…
Eu quero que a estrutura dessa poesia seja desenhada pelo movimento dos pássaros
E que cada palavra aqui escrita seja traduzida pelos seus cantos…
Quero apenas a perspectiva dos animais em tudo o que aqui esteja escrito
Transportar para a minha pele: a pena, o casco, a escama e o pêlo…
Eu quero que uma das estrofes reduza ao máximo o seu tamanho
E que possa dialogar, e entreter, com cada inseto encontrado…
Eu quero que essa poesia esteja nas raízes das árvores e no sabor dos seus frutos
E na cor de suas flores e nos traços de seus galhos…
Eu quero lentamente moldar, com argila molhada, cada parágrafo escrito
Expressando a liberdade da terra, da lama e do barro, tão oprimida pelos asfaltos…
Quero que essa paisagem rime com a realidade vista pelo poeta
E ao percorrer a rota dos rios, conseguir abraçar as águas dos oceanos,
Onde o Sol apoia o seu queixo
No ponto mais longínquo
Segurando o tempo necessário
Para a conclusão desse texto…
Agora, vivo.
“E porque o quis,
Assim o fez.”
Joinville, 22 de maio de 2024.
-Dia Internacional da Diversidade Biológica-
Esse escrito faz parte do livro
Deixe um comentário