por Denis Jorge Hirano
O Bobo Alegre, desde sempre, era considerado bobo por querer tocar os céus.
E alegre por acreditar que podia.
Certo dia o Bobo Alegre teve uma ideia, se propôs a tocar a eternidade e provar a existência de Deus.
Tomou um megafone imaginário; escalou até abraçar o topo de uma montanha invisível que se encontrava no centro da sua pequena cidade. Encheu o peito da essência robusta do entusiasmo, que colheu durante todo o trajeto; e de lá do pico, e nas pontas dos seus pés, declamou:
“Sim meus amigos!
A verdade está acima de todas as ideias!
E acima de todas as ideias é o mesmo que se encontra dentro de cada um de nós!
Daqui a eternidade é comprovada, é claramente visível diante de todos os olhos!
Podemos tocar a mão de Deus!
Vejam!”
E com a sua mão direita erguida vivenciava pela primeira vez a liberdade, a esperança e o amor em um mesmo tempo, e no mesmo espaço, no ponto exato que ligava os quatro cantos do mundo.
Houve um silêncio…
E em alguns segundos, as poucas pessoas que conseguiram ouvir as boas-novas do Bobo Alegre se livravam da ilusão que sempre as acorrentaram, e iniciavam a busca e a escalada de suas próprias montanhas.
E o pôr-do-sol, junto com todos os pássaros e suas poucas nuvens, foi eternizado naquela mesma tarde…
Para a maioria dessas pessoas,
Algo que foi eternizado,
Pela primeira vez…
*E o Bobo Alegre ainda é considerado bobo pela maioria da gente.
Joinville, 02 de fevereiro de 2024.
Esse escrito faz parte do livro
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